Educação para quê, se a mídia só se interessa em divulgar a cultura podre dos "funks pancadões", dos BBBs, das miss Bundas sem cérebro, dentre outros lixos mais. Aliás, enquanto estou escrevendo, já ouvi dois funks tocando na programação da TV.
Não obstante, reparo por exemplo nos processos seletivos dos quais participo que, mesmo com formação em Faculdade de 1ª linha, um bom currículo e uma maneira de expressar as ideias de forma clara e objetiva, além de carregar comigo o conteúdo de anos lendo Franz Kafka, George Orwell, Miguel de Cervantes, Machado de Assis, Daniel Defoe, karl Marx, Theodore Levitt, Philip Kotler, Peter Drucker, dentre muitos outros. Tendo estudado sobre psicologia, sociologia, filosofia, ideologia... E ainda sim fico de fora dos processsos seletivos onde os "tipo assim" acabam se dando bem. Ou seja, estudei, esforcei-me a ponto de abrir mão de muita coisa para obter a melhor formação (educação) e sou trocado por um "tipo assim" que mal sabe falar. Só porque tenho mais de 50 anos?
Nossa sociedade produtiva e gananciosa não dá a mínima para a educação e para a cultura. Querem mesmo é povo burro e inculto, ou melhor os "tipo assim". Daí penso: se eu tivesse economizado todos os recursos que gastei durante a vida para me formar e me aculturar e investisse em outras coisas, talvez hoje eu estivesse melhor. Mas não, quis porque quis desenvolver minha cultura e minha educação, e deu no que deu.
Fico até em dúvida se incentivo ou não minhas filhas a ingressarem numa faculdade. Talvez, se elas encarnassem o tipo "bonitinha burra tipo assim", teriam mais oportunidades. Sou de uma geração que nasceu ouvindo Chico Buarque, Milton Nascimento, Caetano Veloso, etc. Vi os universitários se unirem pela democracia de forma espontânea e consciente. Nada de modismos do tipo "caras pintadas" e os mais recentes do "passe livre", que na verdade não passam de massa de manobra de raposas da política nacional. Todo o estudante que se prezasse deveria, pelo menos uma vez na vida, ler alguns trechos de "O Capital, de Karl Marx", ser assíduo leitor do "Pasquim" e ficar sempre informado sobre todos os acontecimentos. Lembro dos encontros em bares frequentados por estudantes e intelectuais (Riviera e Bar Supermo, por exemplo), por publicitários (Paulicéia 22), além das sessões no Cine Belas Artes, onde assistíamos a filmes incríveis. Éramos ávidos por informação e formação, e tínhamos uma ideologia bem definida e a defendíamos com unhas e dentes. Já as gerações seguintes só se importaram com o lançamento do novo IPhone e em decorar a letra do funk da moda. A educação e a cultura estão em baixa no país não só por culpa dos governantes, mas também por culpa dos próprios cidadãos, que não valorizam isso. Querem informação mastigada e rápida, fruto da praticidade trazida pela tecnologia e que tornam as pessoas indolentes e com preguiça de pensar e se posicionar sobre qualquer assunto. Se você começa a explicar para um jovem sobre a guerra fria, em poucos minutos ele estará olhando para a tela do smartphone e se emplgando com um novo lançamento da Samsung.
É preciso que a sociedade como um todo volte a valorizar a cultura e a educação no seu dia-a-dia. Devemos exigir isso, sempre e em qualquer situação. Não basta apenas sair às ruas com cartazes e palavras de ordem. Temos que trocar o "tipo assim" pelo culto, educado. Assim, o "tipo assim" vai se tocar que precisa fazer alguma coisa para melhorar. Afinal, só melhorar o ensino nas escolas não resolve, já muitas escolas particulares possuem um ótimo nível e continuam a produzir os "tipo assim". Precisamos incentivar e cobrar os jovens a pensar, e não apenas a clicar; precisam ler e concluir, não apenas dar Crt+C e Crt+V. Os jovens devem aprender a questionar, não reclamar ou criticar. Precisamos de pessoas capazes de argumentar com propriedade sobre todos os assuntos, e não mais um "tipo assim". Precisamos de jovens que não tirem zero em uma simples redação. Afinal, zerar numa redação significa pouca criatividade, falta de leitura e pouco exercício de raciocínio lógico e estruturado. Isso não se aprende só na escola, mas no dia-a-dia e em todas as ocasiões, através da leitura, da informação séria e comprometida com a qualidade de conteúdo. Mas, empresas, instituições e governo não querem pessoas que questionem, nem que pensem. Querem apenas pessoas que façam o que eles querem que seja feito. Mas, o que dizer de um país que teve um presidente que dizia: "Os companheiro"?
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