sábado, 17 de janeiro de 2015

Educação? Será mesmo que a queremos?Tipo assim...

Ouço insistentemente que melhorar a educação no País é urgente medida para elevar a qualidade de vida e a percepção de cidadania da nação brasileira. Porém, acho que aqui cabe um questionamento: Será que é isso mesmo que a sociedade tanto almeja? Tenho cá minhas dúvidas, até porque não vejo a educação ser respeitada, admirada e valorizada tanto quanto deveria.

Educação para quê, se a mídia só se interessa em divulgar a cultura podre dos "funks pancadões", dos BBBs, das miss Bundas sem cérebro, dentre outros lixos mais. Aliás, enquanto estou escrevendo, já ouvi dois funks tocando na programação da TV.

Não obstante, reparo por exemplo nos processos seletivos dos quais participo que, mesmo com formação em Faculdade de 1ª  linha, um bom currículo e uma maneira de expressar as ideias de forma clara e objetiva, além de carregar comigo o conteúdo de anos lendo Franz Kafka, George Orwell, Miguel de Cervantes, Machado de Assis, Daniel Defoe, karl Marx, Theodore Levitt, Philip Kotler, Peter Drucker, dentre muitos outros. Tendo estudado sobre psicologia, sociologia, filosofia, ideologia... E ainda sim fico de fora dos processsos seletivos onde os "tipo assim" acabam se dando bem. Ou seja, estudei, esforcei-me a ponto de abrir mão de muita coisa para obter a melhor formação (educação) e sou trocado por um "tipo assim" que mal sabe falar. Só porque tenho mais de 50 anos?

Nossa sociedade produtiva e gananciosa não dá a mínima para a educação e para a cultura. Querem mesmo é povo burro e inculto, ou melhor os "tipo assim". Daí penso: se eu tivesse economizado todos os recursos que gastei durante a vida para me formar e me aculturar e investisse em outras coisas, talvez hoje eu estivesse melhor. Mas não, quis porque quis desenvolver minha cultura e minha educação, e deu no que deu.

Fico até em dúvida se incentivo ou não minhas filhas a ingressarem numa faculdade. Talvez, se elas encarnassem o tipo "bonitinha burra tipo assim", teriam mais oportunidades. Sou de uma geração que nasceu ouvindo Chico Buarque, Milton Nascimento, Caetano Veloso, etc. Vi os universitários se unirem pela democracia de forma espontânea e consciente. Nada de modismos do tipo "caras pintadas" e os mais recentes do "passe livre", que na verdade não passam de massa de manobra de raposas da política nacional. Todo o estudante que se prezasse deveria, pelo menos uma vez na vida, ler alguns trechos de "O Capital, de Karl Marx", ser assíduo leitor do "Pasquim" e ficar sempre informado sobre todos os acontecimentos. Lembro dos encontros em bares frequentados por estudantes e intelectuais (Riviera e Bar Supermo, por exemplo), por publicitários (Paulicéia 22), além das sessões no Cine Belas Artes, onde assistíamos a filmes incríveis. Éramos ávidos por informação e formação, e tínhamos uma ideologia bem definida e a defendíamos com unhas e dentes. Já as gerações seguintes só se importaram com o lançamento do novo IPhone e em decorar a letra do funk da moda. A educação e a cultura estão em baixa no país não só por culpa dos governantes, mas também por culpa dos próprios cidadãos, que não valorizam isso. Querem informação mastigada e rápida, fruto da praticidade trazida pela tecnologia e que tornam as pessoas indolentes e com preguiça de pensar e se posicionar sobre qualquer assunto. Se você começa a explicar para um jovem sobre a guerra fria, em poucos minutos ele estará olhando para a tela do smartphone e se emplgando com um novo lançamento da Samsung.

É preciso que a sociedade como um todo volte a valorizar a cultura e a educação no seu dia-a-dia. Devemos exigir isso, sempre e em qualquer situação. Não basta apenas sair às ruas com cartazes e palavras de ordem. Temos que trocar o "tipo assim" pelo culto, educado. Assim, o "tipo assim" vai se tocar que precisa fazer alguma coisa para melhorar. Afinal, só melhorar o ensino nas escolas não resolve, já muitas escolas particulares possuem um ótimo nível e continuam a produzir os "tipo assim". Precisamos incentivar e cobrar os jovens a pensar, e não apenas a clicar; precisam ler e concluir, não apenas dar Crt+C e Crt+V. Os jovens devem aprender a questionar, não reclamar ou criticar. Precisamos de pessoas capazes de argumentar com propriedade sobre todos os assuntos, e não mais um "tipo assim". Precisamos de jovens que não tirem zero em uma simples redação. Afinal, zerar numa redação significa pouca criatividade, falta de leitura  e pouco exercício de raciocínio lógico e estruturado. Isso não se aprende só na escola, mas no dia-a-dia e em todas as ocasiões, através da leitura, da informação séria e comprometida com a qualidade de conteúdo. Mas, empresas, instituições e governo não querem pessoas que questionem, nem que pensem. Querem apenas pessoas que façam o que eles querem que seja feito. Mas, o que dizer de um país que teve um presidente que dizia: "Os companheiro"?

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Um desabafo contra o preconceito

Gostaria de fazer um apelo aos empresários e recrutadores do Brasil. Por favor, considerem a ideia de incluir em seus planos os profissionais com mais de 50 anos de idade e que estão em busca de oportunidades dignas. Afinal, é um legado de anos de experiência que simplesmente está sendo jogado fora. Inutilizado. Em culturas mais avançadas, aqueles que chegam a esta fase da vida em plena produtividade são valorizados e aproveitados com méritos. Agora, num país com uma mentalidade anacrônica e aviltante como o nosso desperdiça o que levou anos para se formar.

Estou cansado de ouvir falar que profissionais mais velhos tem baixa estima, são relutantes à gestão dos mais novos, avessos à mudanças e passivos, além de serem caros para as organizações. Isso é mentira que deve ser removida da cultura empresarial. Os cinquentões de hoje são muito mais dinâmicos do que se possam imaginar. Possuem perfil em redes sociais, se relacionam cordialmente com pessoas de qualquer idade e tem uma ótima auto-estima, já que chegaram a uma idade avançada com energia e disposição para o trabalho. No Brasil, a aposentadoria, além de fornecer benefícios pífios, está cada vez mais longe das mãos de seus postulantes. Imaginem, então, os profissionais que hoje estão na faixa dos 20 aos 30 anos, com qual idade irão ter acesso ao benefício? Se a expectativa de vida do brasileiro continuar subindo e o INSS continuar falindo, talvez se aposentem aos 70 anos. E se estiverem desempregados aos 50? Ficarão por 20 anos procurando emprego? O tempo passa para todos, indiscriminadamente.

Outro mito que me aborrece é sobre o conflito de gerações. Ora, isso é velho, antigo. Não existe mais. Os baby boomers viveram esta fase, mas conseguiram, com muita luta, quebrar paradigmas e mudar a cultura, costumes, moda, artes, etc. Foram perseguidos pelas gerações mais velhas, mas resistiram e venceram. Na época, as empresas possuiam gestores que gritavam com funcionários mais jovens, humilhando-os. Era corriqueiro ver mulheres se trancarem no banheiro para chorar. Hoje, é assédio moral. As mulheres eram muitas vezes aboradadas de forma acintosa pelos gestores sem qualquer pudor. Hoje é assédio sexual. As relações no trabalho mudaram e as diferentes gerações convivem em harmonia com a diversidade. A tolerância é infinitamente maior, permitindo que diferentes gerações ocupem pacificamente os ambientes de trabalho. Falando nisso, fico imaginando por que do preconceito, uma vez que as pessoas vão para o trabalho para trabalhar e não para se enturmar. Desta forma, que importa a idade?

Diversas vezes concorri a vagas em lojas de shopping e, mesmo tendo o perfil 100% aderente à vaga, fiquei de fora na primeira seleção. Ao observar a última tentativa, numa daquelas enojantes seleções por atacado, onde todos ficam na mesma sala, levantam, falam um pouco de si e são avaliados às avessas pela recrutador. Afinal, quem foi o idiota que inventou isso? Como avaliar um candidato dessa forma? É possível tirar qualquer conclusão com esse método? Acho impossível. É apenas um teatrinho. Até porque o recrutador já tem o estereótipo certo para a vaga (estereótipo e não perfil). Afinal, os shoppings são vitrines com produtos expostos estrategicamente. E os pseudo vendedores tambem fazem parte da vitrine. Não precisam dominar técnicas de vendas, nem tampouco saber se expressar. Basta ter a aparência pré determinada. Até parece que só os jovens compram em shoppings. Percebi que alguns candidatos que se encaixavam no estereótipo tiveram um tratamento melhor. Foram questionados, enquanto eu e outros fora desta tipologia, ficamos limitados a uma mera apresentação superficial.

Já estou cansado de ser rejeitado por causa de meus cabelos brancos. O que vale é o meu currículo e minha capacidade para o trabalho. Não gosto muito desse negócio de cotas, e sim de uma conscientização, do respeito à cidadania e do direito de envelhecer com honra e qualidade de vida. Mas, se for a única forma de defender os interesses dessa classe desfavorecida, concordo na criação de uma cota nacional obrigatória. O papel principal de uma empresa na sociedade não é gerar lucro, e sim permitir a inclusão social do cidadão. Se elas não cumprem esse papel, que deem lugar a outras com tal disposição. Não sou comunista, nem socialista, mas acredito que acima de qualquer coisa, o direito ao trabalho é fundamental, principalmente numa sociedade capitalista. Pois, sem emprego, não há salário. E sem o salário, não há consumo. E, sem o consumo as empresas deixam de faturar. Já passou da hora do governo adotar uma medida intervencionista na questão para gerar empregos suficientes para aqueles que buscam uma oportunidade. Afinal, é o não é o Partido dos Trabalhadores?